Latest Blog Post

Chroniques de l’À Peu Près;

---

Embora não fosse do seu costume pensar tanto de maneira ansiosa, a sua primeira vez dentro de uma cadeia o fez refletir sobre algumas coisas. A primeira delas era: ele poderia ter evitado essa situação toda; odiava a ideia de ter a sua ficha suja por algo tão... banal. Edgar, embora fosse calmo e quieto em boa parte do tempo, tinha um lado orgulhoso e uma confiança quase inabalável na maior parte do seu tempo.

O segundo pensamento era que, agora que estava focado de fato em seu trabalho, precisava colocar algumas prioridades acima de outras, precisava alinhar a sua agenda e alguns alarmes em seu despertador, o que significava que ele teria um pouco menos de tempo para fazer tudo em geral. Mas qualquer um que o conhecesse saberia que aquilo era quase como parte da sua diversão, e, mesmo preso, a ideia de se ocupar o fazia sorrir de maneira singela, quase imperceptível, ao ver um guarda passar.

O terceiro pensamento, dentre todos os outros, era o mais forte: ele precisava sair dali, e a primeira coisa que faria assim que tocasse o seu aparelho celular seria postar um vídeo salvo em sua galeria. Um vídeo com Beatriz, que era o exato motivo pelo qual o último devaneio fosse tão presente; o Dia dos Namorados estava chegando, e ele estava cansado de tentar fugir de si mesmo, de fugir do que sentia e também de pensar demais no que aquilo significava.

Bea era o seu pensamento mais bonito; era engraçada na medida certa, bonita, dedicada, gostava da família na mesma medida em que ele também admirava a sua própria, leal e, talvez fosse um bônus, tinha um cheiro bom. Não de perfume, de colônia ou do shampoo que ela usava, talvez fosse algo de sua pele, algo único dela. E, enquanto calculava algum tipo de rota, ele só pensava em como precisava, com urgência, repetir aquela cena. Dessa vez, precisava e queria que as coisas tomassem um rumo um pouco diferente.

---